O furto de energia nas redes de distribuição tem se tornado um crescente problema, resultando em sérios impactos financeiros para diversas distribuidoras e consumidores em todo o país. Esse tipo de furto, popularmente conhecido como “gatos”, voltou a aumentar desde meados da década passada, tornando-se uma questão preocupante para o setor elétrico nacional.
Essas perdas de energia elétrica no sistema de distribuição, frequentemente denominadas como “perdas não-técnicas”, ocorrem independentemente de problemas técnicos ou falhas nos equipamentos elétricos. Em outras palavras, tais perdas não estão relacionadas a questões de funcionamento dos equipamentos elétricos, mas sim a furtos de energia, erros de medição, desperdícios ou outras formas de uso indevido de energia. Esses fatores contribuem para a ocorrência dessas perdas, agravando ainda mais o desafio enfrentado pelas empresas do setor e os consumidores.
De acordo com um estudo realizado pela Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE), com base em informações da Aneel, aproximadamente 14% da energia elétrica distribuída no Brasil foi furtada ou desviada no ano de 2022, acarretando um prejuízo estimado em cerca de R$ 7,7 bilhões. Essas perdas representam um impacto significativo em diversas esferas, incluindo diretamente nossos bolsos, uma vez que, em média, 10% delas são repassadas aos consumidores por meio do aumento nas contas de luz.
O desperdício de energia, decorrente dessas perdas não-técnicas, também acarreta um aumento significativo das emissões de gases de efeito estufa e outros poluentes associados à geração de energia. Essas emissões contribuem diretamente para as mudanças climáticas e para a poluição do ar, agravando os problemas ambientais globais e locais. Reduzir essas perdas é fundamental para promover a sustentabilidade ambiental e diminuir a pegada de carbono do setor energético.
Os furtos de energia, geralmente realizados por meio de ligações clandestinas e manipulações inadequadas de fiações elétricas, representam riscos significativos à segurança das pessoas que vivem ou trabalham nas áreas afetadas. As conexões ilegais podem levar a sobrecargas e curtos-circuitos, causando incêndios e colocando em perigo vidas humanas e bens materiais.
Além dos riscos à segurança, o furto de energia tem consequências sociais negativas. As perdas não-técnicas podem levar a interrupções no fornecimento de energia, prejudicando a qualidade de vida das comunidades afetadas. Setores essenciais, como hospitais e escolas, podem ser afetados, comprometendo o funcionamento adequado desses serviços públicos cruciais. Essa situação acaba por acentuar as desigualdades sociais, afetando principalmente as populações mais vulneráveis, que muitas vezes são as mais impactadas por essas interrupções e a precariedade dos serviços públicos.
Diante dessa situação alarmante, o Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI) desenvolveu um projeto inovador de plataforma de medição inteligente, com cibersecurity, business intelligence e big data financiado através do programa de PD&I Aneel. A plataforma é flexível e configurável para considerar toda a estrutura de medidores inteligentes homologados ou não, atendendo ao mercado brasileiro. Ela permite a leitura, transmissão, armazenamento e processamento inteligente dos dados com uso de big data analytics, de forma segura e voltada para novos negócios (business intelligence). A plataforma também pode ser integrada aos sistemas da distribuidora de energia.
O projeto piloto foi aplicado na cidade de Jaguaríuna, em São Paulo. Para desenvolver a plataforma, foi feito um levantamento de estado da arte e benchmark teórico de tecnologias de medição inteligente, telecomunicações e comunicação de dados, além do estudo do estado da arte de tecnologias, soluções e aplicações que envolvem a análise de dados provenientes de medidores inteligentes.
A segurança cibernética foi um aspecto importante do projeto, nesse sentido, foi implementado um sistema de segurança para a transmissão e armazenamento de dados de medição de energia. Foram avaliadas as melhores práticas de segurança cibernética para essas aplicações e implementada uma infraestrutura de medição inteligente nas dependências do IATI baseada em protocolos de comunicações convencionais consolidados nos sistemas de medição. Foi definido um modelo de segurança com o foco direcionado para as futuras infraestruturas de medição de energia de um conjunto de políticas de segurança cibernética necessárias para a governança do sistema de medição inteligente.
Do ponto de vista tecnológico, a Plataforma de Medição Inteligente significa um passo à frente com relação ao tratamento de dados, de forma segura, dentro de um ambiente que permitirá um avanço no que se refere ao conhecimento de seus clientes. Também contribuirá com resultados ricos em quantidade e para se ter uma ferramenta confiável e funcional dentro da distribuidora de energia.
Nesse sentido, a Plataforma desenvolvida apresenta, de forma inédita, a combinação de técnicas de Inteligência Artificial, estatísticas e análise de dados para aumentar a assertividade na detecção de fraudes. Sendo ainda capaz de gerar scores de anomalia a partir de cinco algoritmos e detectar algum comportamento anômalo (estranho) em outras grandezas elétricas a partir de filtros inteligentes. Possibilitando ao especialista comparar o consumo de um cliente com seus vizinhos, visualizar e comparar os medidores geograficamente, gerar um medidor virtual a partir de uma seleção prévia e listar os clientes com padrão de consumo mais semelhante, entre outras funcionalidades.
O sistema final foi testado em campo pela CPFL Energia, e os resultados foram bastante satisfatórios. Com 60% de assertividade, o sistema superou a abordagem padrão que utiliza dados de consumo mensal. É importante destacar que o projeto também recebeu o Certificado de Registro de Programa de Computador e o depósito de Patente de Invenção no INPI, reforçando a importância e inovação do trabalho realizado.
A Plataforma de Medição Inteligente desenvolvida pelo IATI demonstrou sua eficácia comprovada na detecção de fraudes e na redução das perdas não técnicas. Essa inovação é um passo crucial em nossa busca por uma energia mais eficiente e equilibrada. Ao atrair investidores para este projeto, estamos mirando no crescimento e aprimoramento contínuo dessa solução. A meta é oferecer uma contribuição significativa para o setor elétrico do Brasil, permitindo que ele enfrente de forma mais efetiva os desafios relacionados ao furto de energia, ao mesmo tempo em que impulsiona o desenvolvimento sustentável do país.
A abrangência de aplicação desse projeto é notável, pois pode ser adotado por todas as distribuidoras de energia do Brasil que já possuem medidores inteligentes em sua rede. Além disso, a versatilidade da solução abre portas para sua implementação por companhias de utilities que lidam com energia, água, óleo e gás por tubulação. A amplitude de possibilidades é impressionante. É importante mencionar que, embora inicialmente tenhamos focado nos medidores inteligentes do Grupo B, estamos abertos a adaptar nossa solução para atender às necessidades específicas de nossos clientes.
Além disso, é fundamental destacar que o projeto já avançou para a fase de Desenvolvimento Experimental, estando pronto para ser aprimorado e explorado na fase de Cabeça de Série (TRL 6). Essa situação está alinhada com as novas regras do PROPDI da Aneel, o que torna o cenário ainda mais favorável para investimentos.
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