A celulose é um biopolímero produzido em sua maioria por plantas. Entretanto, com o aumento da demanda de derivados da celulose vegetal (CV), o consumo desta matéria-prima tem sido vinculado a problemas ambientais e desmatamento. Embora os vegetais sejam a maior fonte de celulose, microrganismos são capazes de produzir o biopolímero como fonte alternativa.
A celulose bacteriana (CB) é considerada um polímero eco‐friendly extremamente versátil e pode ser produzida em meios de cultura padrão ou alternativos de baixo custo (através da utilização de resíduos agroindustriais). A CB difere da CV por ter dimensões nanométricas, em vez de micrométricas, melhores propriedades mecânicas, como maior resistência à tração e flexibilidade, maior pureza, maior cristalinidade, e maior capacidade de retenção de água. Estas propriedades específicas fazem da CB um biopolímero que pode ser utilizado em diversos setores industriais de importância econômica, como: têxtil, alimentício, farmacêutico, cosmético, biomédico, eletrônico e tratamento de efluentes.
A alta porosidade da CB, a torna ideal para o refinamento de filtragens. Essa característica vem aumentando o interesse em estudos que contemplem seu uso na forma de membranas filtrantes associadas ao tratamento de efluentes. Por isso, o laboratório de biotecnologia do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI) elaborou uma proposta de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para recuperação de efluentes água-óleo através da separação dos poluentes com o auxílio de um sistema contendo um filtro que utiliza celulose bacteriana como membrana filtrante.
O projeto intitulado “Desenvolvimento de sistema de tratamento de efluentes industriais água-óleo utilizando filtro biodegradável à base de celulose bacteriana”, tem como proponentes a Centrais Elétricas de Pernambuco S.A. (EPESA) e Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). A execução está sendo feita pelo IATI em parceria com a Suape Ambiental, empresa especialista em coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos oleosos. E tal projeto visa a melhoria do sistema de tratamento de efluentes oleosos da indústria, através da comparação da eficiência dos processos de filtragem com a CB e da filtragem com o carvão ativado.
A tecnologia a ser desenvolvida para o tratamento de mistura água-óleo consiste em um sistema de filtração ainda não existente no mercado. Se dará através da utilização da membrana filtrante biotecnológica, estruturada por nanofibras de celulose bacteriana. Esse processo de filtração apresenta como vantagens: utilização de resíduos industriais para o desenvolvimento do biofiltro, possuir baixo consumo de energia, capacidade de reutilização e alta degradabilidade em condições ambientais.
A realização deste projeto atende às políticas de preservação ambiental, através da redução da geração de poluentes. Identifica-se ainda, como prováveis usuários desse tipo de sistema: indústrias petroquímicas, indústrias de tintas, indústrias metalomecânicas, indústrias de tratamento de minério, indústrias frigoríficas, indústrias de laticínios, dentre outras.
Coordenação: Profa. Dra. Leonie Asfora Sarubbo
Supervisão: Nathália Padilha
Pesquisadores: Andrea Costa, Alexandre D´Lamare, Claudio Galdino, Julia Didier e Italo Durval.