Não é de hoje que a temática sobre as mudanças climáticas ganha destaque no cenário mundial. O que antes se refletia em lugares específicos (aumento nos níveis dos oceanos, declínio da produção de alimentos, secas severas, regiões mais áridas, extinção e migração de espécies, dentre outros), hoje vê-se as suas consequências em todas as partes do globo terrestre.
Historicamente, no ano de 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Eco-92 ou Cúpula da Terra, ocorreu na cidade do Rio de Janeiro e debateu-se de forma bastante enfática o tema das mudanças climáticas culminando na “Convenção das Mudanças Climáticas”. A proposta da convenção era de que os países pudessem estagnar suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera para evitar um maior aquecimento global. Os países que emitiam mais GEE (países mais desenvolvidos) deveriam ter um maior índice nessa redução.
“O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão das Nações Unidas, responsável por produzir informações científicas, afirma que há 90% de certeza que o aumento de temperatura na Terra está sendo causado pela ação do homem” (WWF, 2020).
Dando seguimento ao debate, é em 1997 durante a 3ª Conferência das Partes (COP), na cidade de Kyoto (Japão) que se tem o primeiro tratado internacional para o controle das emissões de GEE, o chamado Protocolo de Kyoto. Os países deveriam reduzir em 5,2% suas emissões em relação aos padrões do ano de 1990 (essa meta podia variar de acordo com o nível de industrialização de cada país), entre os anos de 2008 a 2012. Mecanismos de Desenvolvimento Limpo poderiam ser utilizados para conseguir atingir ao que foi proposto, como o comércio de emissões. O protocolo teve validade até o ano de 2020, pois as metas não foram alcançadas por diversos países.
Na cidade de Paris (França) durante a COP 21, um novo tratado se estabeleceu, o Acordo de Paris, onde a principal meta era manter o aumento da temperatura global abaixo dos 2°C, buscando a baixa emissão do carbono. O Brasil se comprometeu a minimizar suas emissões até 2025 em até 37% do que era emitido em 2005 e 43% até o ano e 2030.
De acordo com a WWF (2020), as principais metas do Brasil são:
• Aumentar o uso de fontes alternativas de energia;
• Aumentar a participação de bioenergias sustentáveis na matriz energética brasileira para 18% até 2030;
• Utilizar tecnologias limpas nas indústrias;
• Melhorar a infraestrutura dos transportes;
• Diminuir o desmatamento;
• Restaurar e reflorestar até 12 milhões de hectares.
Buscando atingir suas metas, entra no contexto a mudança da matriz automobilística no país, dando entrada aos carros elétricos. A utilização de tecnologias limpas com baixa emissão ou nula de gases de efeito estufa é uma alternativa para se atingir o proposto no Acordo de Paris.
Mas não adianta a utilização de carros elétricos se o seu abastecimento se der através de uma matriz energética que seja poluente, como a das termoelétricas. A ideia principal se dá na instalação de eletropostos que sejam alimentados com energia fotovoltaica (energia limpa e abundante). Dessa forma, o carro que não emite GEE, pois não se utiliza de combustíveis fósseis para seu abastecimento e nem tem combustão interna, pode ser alimentado através de uma matriz limpa de geração de energia.
É crescente o número de eletropostos que estão sendo implementados no país. De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) as redes de recarga aumentaram de 500 pontos em março de 2021 para 754 em julho, dos quais 735 em operação, sendo o estado de São Paulo o maior detentor, 49,31% do total.
Buscando crescimento econômico, equilíbrio ambiental e equidade social que pode-se construir um futuro para próximas gerações assim como estabelece o conceito de desenvolvimento sustentável.
Por: Renata Laranjeiras
Bióloga – Pesquisadora IATI