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Biotecnologia

Diante dos desafios globais da produção agrícola, a ciência tem assumido um papel central na busca por soluções inovadoras e sustentáveis. No Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, essa transformação passa pelo trabalho de instituições de pesquisa que desenvolvem novas tecnologias para aumentar a produtividade alimentar sem comprometer os recursos naturais.

O Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI) é um desses agentes de mudança. Sediado em Pernambuco, o instituto reúne pesquisadores de diversas áreas do conhecimento para desenvolver soluções tecnológicas voltadas à sustentabilidade, incluindo, por exemplo, projetos que unem meio ambiente, biotecnologia e inteligência artificial. Com expertise no desenvolvimento de bioativos que estimulam o crescimento vegetal e auxiliam na recuperação do solo, o IATI se posiciona como um polo de inovação no setor agroambiental.

Agricultura regenerativa: restaurar para produzir melhor

A degradação do solo, a escassez hídrica e as mudanças climáticas são alguns dos desafios que ameaçam a segurança alimentar global. Enquanto a agricultura convencional busca minimizar esses impactos, a chamada agricultura regenerativa propõe um passo além: recuperar e fortalecer os ecossistemas agrícolas.

A abordagem envolve práticas que melhoram a saúde do solo, reduzem a dependência de fertilizantes químicos e aumentam a resiliência das lavouras frente a eventos climáticos extremos. Entre as principais técnicas adotadas estão:

✅ Minimização do uso de agroquímicos – reduz impactos ambientais e protege a microbiota do solo.

✅ Uso de Cobertura Vegetal – Protege contra a erosão, melhora a retenção de umidade e aumenta a matéria orgânica.

✅ Rotação e consórcio de Culturas – Diversifica a microbiota, melhora a fertilidade do solo e reduz a incidência de pragas e doenças.

✅ Bioinsumos e Manejo Integrado de Pragas (MIP) – Usa agentes biológicos para substituir defensivos químicos poluentes e promover equilíbrio ecológico.

✅ Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) – Estimula a ciclagem de nutrientes, melhora a fertilidade do solo e a captura de carbono.

O papel da ciência na transformação do campo

A adoção de práticas regenerativas em larga escala depende diretamente do avanço da pesquisa científica e da aplicação de novas tecnologias. Nesse contexto, o IATI, com sua trajetória consolidada no desenvolvimento de projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI), contribui por meio de parcerias estratégicas para tornar essas soluções mais acessíveis e eficazes como:

🔬 Monitoramento Inteligente do Solo

Uso de sensores avançados, como de umidade, pH, temperatura e nutrientes, para obter dados em tempo real sobre a saúde do solo. Esses dados são analisados por algoritmos de aprendizado de máquina, que permitem a interpretação de padrões complexos e oferecem previsões precisas sobre as necessidades do solo. A partir disso, os produtores podem adotar práticas de cultivo regenerativo, como a rotação de culturas, o uso de compostagem e a plantação de cobertura, otimizando a produtividade sem causar danos ao solo. Além disso, as análises ajudam a monitorar a biodiversidade local, identificando áreas que precisam de recuperação e promovendo práticas que favoreçam a regeneração natural do ecossistema.

🌱 Bioativos e Bioinsumos

Estudos sobre aplicação de biofertilizantes e biopesticidas naturais. Biofertilizantes derivados de micro-organismos podem enriquecer o solo com nutrientes essenciais, melhorando a saúde das plantas e a resistência a doenças. Já os biopesticidas atuam de forma eficiente no controle de pragas, sem os efeitos adversos dos pesticidas químicos. O uso desses produtos não só reduz a dependência de produtos químicos sintéticos, mas também melhora a resiliência das culturas, favorecendo a biodiversidade local e a saúde do solo. A biodigestão permite que resíduos agrícolas, esterco animal e restos de culturas sejam convertidos em biogás e biofertilizantes. Isso reduz a necessidade de fertilizantes sintéticos e melhoram a reciclagem de nutrientes, promovendo um ciclo fechado de carbono e nitrogênio dentro das fazendas regenerativas.

💧 Gestão Eficiente da Água

Uso de tecnologias que otimizem o uso dos recursos hídricos, especialmente em regiões de escassez de água. Sistemas de irrigação de precisão, como a irrigação por gotejamento, e sensores de umidade do solo são fundamentais para garantir que as plantas recebam a quantidade exata de água necessária. Além disso, tecnologias de recuperação e reuso de água nas propriedades agrícolas ajudam a reduzir desperdícios, enquanto práticas como a captação de águas pluviais e o uso de mulching (aplicação de uma camada de material orgânico ou inorgânico sobre o solo para conservar a umidade, controlar ervas daninhas e melhorar a saúde do solo) ajudam a preservar a umidade do solo e melhorar a retenção hídrica.

🌍 Quantificação da Captura de Carbono

Ferramentas de monitoramento e quantificação de carbono para avaliar o impacto das práticas agrícolas regenerativas na mitigação das mudanças climáticas. Técnicas como a fotossíntese monitorada, sensores remotos e modelos de análise de carbono do solo podem medir a captura de carbono pelos solos agrícolas. A agricultura regenerativa, com foco na redução de emissões de gases de efeito estufa, na restauração da matéria orgânica do solo e na preservação das florestas nativas, pode atuar de maneira significativa no sequestro de carbono, compensando as emissões do setor agrícola e contribuindo para as metas climáticas globais.

🌞 Energias Renováveis

Integração de energias renováveis na agricultura oferece grandes oportunidades para tornar o setor mais sustentável. Sistemas agrovoltaicos permitem a instalação de painéis solares nas áreas agrícolas, sem comprometer a produção de alimentos. Esses sistemas ajudam na geração de energia renovável e ainda podem oferecer sombra para as plantas, diminuindo o impacto do calor extremo. A aplicação de hidrogênio verde, produzido a partir de fontes renováveis, na produção agrícola, tem o potencial de reduzir emissões de CO2 em processos como a fabricação de fertilizantes e o uso de combustíveis para máquinas agrícolas, promovendo uma agricultura mais limpa. Vale destacar também a produção por biogás, podendo ser utilizado na eletricidade, aquecimento, geração de vapor e até em combustível para os veículos utilizados no sistema agrícola, dessa forma, diminuindo a dependência por combustíveis fósseis e melhorando a eficiência energética.

📚 Capacitação

O sucesso da agricultura regenerativa depende da capacitação técnica dos agricultores. Parcerias entre universidades, instituições de pesquisa e produtores rurais são fundamentais para o desenvolvimento de novas tecnologias e metodologias. Programas de educação e certificações para práticas regenerativas, como o Manejo Integrado de Pragas ou o Plantio Direto, têm se mostrado eficazes para promover a adoção de práticas mais sustentáveis. Além disso, a formação de redes colaborativas e a disseminação de conhecimentos em plataformas digitais ajudam a expandir a aplicação dessas técnicas, melhorando a rentabilidade e a sustentabilidade das propriedades agrícolas.

Esses pontos representam uma convergência de tecnologias inteligentes, práticas sustentáveis e colaboração entre diferentes atores da sociedade, visando transformar a agricultura em um motor de regeneração ambiental, social e econômica.

Brasil como protagonista na transição agrícola

Com uma das maiores áreas agrícolas do planeta e uma biodiversidade única, o Brasil tem potencial para liderar a transição para uma produção de alimentos mais sustentável. Além dos ganhos ambientais, a adoção de tecnologias regenerativas pode agregar valor aos produtos agrícolas e abrir novos mercados, especialmente diante da crescente demanda global por alimentos de baixo impacto ambiental.

O IATI, ao conectar pesquisa e inovação tecnológica, contribui para impulsionar essa transformação, promovendo parcerias entre empresas, produtores rurais e centros de pesquisa. O avanço dessa agenda depende do investimento contínuo em ciência e da colaboração entre diferentes setores para acelerar a adoção de práticas mais sustentáveis.

Ao integrar produtividade e conservação ambiental, a agricultura regenerativa se alinha diretamente aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, fortalecendo a segurança alimentar e o combate às mudanças climáticas. Com o apoio da Ciência e da Tecnologia, o Brasil tem a oportunidade de se tornar referência global em um novo modelo agrícola, mais equilibrado, resiliente e sustentável.

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