Que o avanço tecnológico da humanidade está intrinsecamente ligado com o consumo energético todo mundo sabe, o que pouca gente compreende são os caminhos possíveis para um futuro em que o uso de combustíveis fósseis, por exemplo, não deverá ser uma alternativa. A questão atravessou os temas abordados na mesa de debate e palestra ocorridos no dia 19/10, durante a 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), em parceria com o Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE).
Compondo a mesa de debate sobre Energia Limpa, a diretora do Cetene, Giovanna Machado, apresentou as pesquisas sobre hidrogênio verde e células solares desenvolvidas pela instituição. “Estamos sediados em um lugar onde o sol, a energia solar, é um recurso em abundância. Isso é norteador para nossas pesquisas, que têm a ambição de contribuir com o melhor aproveitamento energético da Região Nordeste e, também, solucionar problemas como a poluição de afluentes e manguezais”, comentou a diretora. Carlos Brayner é diretor do CRCN-NE e, por sua vez, apresentou projetos na área de energia nuclear.
Convidado para integrar o debate, o professor Emmanuel Damilano, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), fez um resgate sobre o uso de energia na história da humanidade e refletiu o nível dos avanços tecnológicos diante de problemas como a emergência climática. “Nenhuma fonte de energia atualmente é zero emissões [de poluentes]. Existe um processo para a obtenção do produto em que, em alguma etapa, algum resíduo será gerado”, criticou. “O consumo de energia sempre gerou danos ao meio ambiente, mas o tema é mais discutido na atualidade por causa do aquecimento global e do que ele acarreta, seu impacto nas mudanças climáticas.”
Dando sequência às discussões, o diretor presidente do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI), Guilherme Cardim, foi otimista em sua participação na palestra “Hidrogênio verde”. “O planejamento energético no Brasil não existiu durante muito tempo. Agora que há um esforço, uma regulamentação e uma meta a ser atingida em virtude da Agenda 2030. As dificuldades são inúmeras e a gente tem que escolher uma tecnologia que dominemos”, observou o especialista. “Não há um só lugar onde esteja sendo discutido o setor energético e a transição elétrica em que não se fale sobre o hidrogênio verde. [Ele] é a bola da vez”, defende Cardim.
Coordenador de projetos de P&D ANEEL no Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI), Robson Carmelo também integrou a palestra. Para ele, o hidrogênio verde deve também estar na mira dos jovens no quesito oportunidades de emprego. “O Brasil é o único país do mundo que tem o melhor sistema elétrico regular. Essa regulação fez com que ele fosse todo integrado. Há aproximadamente seis meses, o Nordeste está oferecendo um grande volume de energia elétrica para o Sudeste. O que deve aumentar com a introdução do hidrogênio”, apontou.
Ao fim da atividade, o público participou de um sorteio com brindes do MCTI e mudas da Biofábrica do Cetene cultivadas in vitro. O estudante Jefferson Melo, 19 anos, do curso Tecnologia em Radiologia do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) participou do circuito de debates e avaliou o evento. “Trazer esses temas para pesquisadores e futuros pesquisadores da área e mostrar o que está sendo desenvolvido sobre eles, as metas previstas e os reais impactos que eles causam é inspirador. Ver que a geração de energia está levando em consideração os potenciais impactos é, de certa forma, tranquilizador.”
Os palestrantes convidados fizeram ainda um tour pelas instalações do Cetene e conheceram os laboratórios onde são desenvolvidas pesquisas como a extração de óleo de espécies de ocorrência na Caatinga para atender os setores farmacêutico e cosmético, bem como a Central Analítica, onde é realizada a caracterização do material trabalhado pela unidade de pesquisa. “Acreditamos que em breve o Cetene estará entre os parceiros de trabalho, sobretudo pela semelhança de nossas pesquisas”, avaliou Guilherme Cardim. Encerrando a programação, a Cia Pé Nambuco de Dança e a Orquestra Astrogildo realizaram um arrastão de frevo.
Fonte: gov.br