As regiões litorâneas de alguns países podem se beneficiar pelo potencial eólico para incrementar a geração de energia elétrica fora da costa, ou seja, em alto-mar. Este tipo de geração é geralmente conhecido como parques eólicos offshore e são instalados em regiões marinhas de baixo calado, conhecidas como plataforma continental, ficando entre 25 e 60 metros de profundidade.
A geração eólica terrestre no Brasil concentra-se nas regiões Nordeste e Sul. O Rio Grande do Norte é o estado Brasileiro com a maior capacidade instalada, 3722 MW distribuídos em 137 parques e o Rio Grande do Sul é o estado da Região Sul com a maior capacidade instalada, 1831 MW distribuídos em 80 parques. Em janeiro de 2022, atendendo a uma demanda de mercado, o governo federal brasileiro editou o decreto nº 10.946/2022 que regulamenta geração de energia eólica offshore em águas interiores de domínio da União, mar territorial, zona econômica exclusiva e plataforma continental, e tem por finalidades (Art 5º): a exploração de central geradora de energia elétrica offshore e a realização de atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico relacionados à geração. A visão de analistas é que o Brasil possui excelentes características oceanográficas e climatológicas para geração de energia eólica offshore, por se identificar diferentes aspectos positivos como, por exemplo, a existência de uma costa extensa; águas rasas presentes ao longo de todo o litoral na plataforma continental; a incidência dos ventos alísios na região nordeste, com intensidade e direção substancialmente constantes; e por final, quando é observada a alteração dos ventos e suas velocidades, através de fenômenos marinhos provocados pelas diferentes profundidades e origens das correntes, variando-se temperaturas e direções, provocando a ressurgência favorecendo também na formação dos ventos.
Os projetos de P&D relacionados à geração off-shore são concebidos de forma a trazer ganhos diversos, neste caso, no baixo impacto de todo o ecossistema marinho. Pesquisas envolvendo a parte submersa do conjunto eólico requerem atenção especial, pois dependerão sempre do tipo de fixação das torres (fluantes ou fixas ao assoalho marinho), que por sua vez, dependem da profundidade da plataforma continental e das correntes marinhas no sítio em questão. Estudos de influência de diferentes áreas de atuação pré-existentes no habitat de instalação se complementam contribuindo na pesquisa e ajudando a identificar tanto aspectos positivos e negativos que possam advir dessas conjunturas tecnológicas.
Atualmente, o IATI avança em algumas linhas de pesquisas de novos componentes para revestimentos anticorrosivos, aplicação em partes metálicas e de concreto que sofrem bastante com os intemperismos físico-químicos presentes em superfícies que estão em contato com o ambiente livre sujeito à maresia ou submerso na água do mar. Como exemplo, podemos citar os compósitos de alto valor agregado e de baixo impacto ambiental para atuarem na melhoria do desempenho da vida útil das estruturas estáticas de concreto, metálica, pás e/ou motores que são utilizados como componentes presentes na fundação, fixação de base e toda sua estrutura das torres eólicas offshore. O IATI também desenvolve projetos de robótica com foco na manutenção de toda estrutura aérea utilizada, incluindo base de sustentação, corpo da torre, casa de máquina dos rotores e pás do rotor.
Os laboratórios de biotecnologia e de energias renováveis do IATI desenvolvem projetos voltados à investigação, desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias, contribuindo significativamente para o parque tecnológico e científico brasileiro e mundial.
Fontes: Governo edita decreto que regulamenta geração de energia eólica em alto mar – Forbes / Governo regulamenta geração de energia offshore no Brasil (opovo.com.br) / D10946 (planalto.gov.br)
Charles Bronzo Barbosa Farias (Eng. Amb. e Seg. do Trab, Perito e Auditor Ambiental – CREA Nº PE37435)
Juliano Pappalardo (Eng. PhD. Máquinas e Sistemas para a Energia, o Ambiente e a Propulsão)